São Paulo - Historicamente menos prestigiado nas políticas de ensino
superior, o Nordeste enviou o maior número de graduandos para o exterior
pelo programa Ciência Sem Fronteiras, em relação ao número de
estudantes da região. Até agosto, o governo concedeu 547 bolsas para
cada 100 mil universitários nordestinos, contra 509 no Sudeste. As
bolsas oferecidas pelo Brasil somam quase 37,8 mil - das 101 mil
prometidas até 2015.
Especialistas apontam que ainda é cedo para determinar impactos no
desenvolvimento científico-tecnológico das instituições nordestinas. A
expectativa mais imediata é de que as bolsas favoreçam a
internacionalização das universidades locais e incrementem o repertório
dos estudantes.
"Não dá para quantificar os resultados. Mas é uma mudança que amplia os
horizontes dos alunos, com um custo que não é alto", avalia Cláudio de
Moura Castro, especialista em Educação.
Para o professor de Economia da Universidade de Brasília, Jorge
Nogueira, é razoável atender Estados que concentram menos recursos. "A
tendência de redistribuição do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) começou há quase 40 anos. Se
considerarmos somente o número de pesquisadores e publicações
científicas, o eixo Rio-Minas-São Paulo leva a maioria dos incentivos."
Outra aposta é que a vivência dos estudantes no exterior qualifique o
mercado de trabalho regional. "Eles se formarão como profissionais mais
competitivos", prevê a diretora de relações internacionais da
Universidade Federal de Pernambuco, Maria Leonor Maia.
Oportunidades
Aluna de Engenharia de Materiais na Universidade Federal do Sergipe
(UFS), Silmara Caldas, de 23 anos, ficou seis meses nos EUA. "A UFS não
oferecia muitas bolsas antes do Ciência Sem Fronteiras e viajar por
conta própria seria complicado." Ela gostou tanto do intercâmbio que
pretende repetir a dose: se inscreveu em outro edital do programa para
uma pós em Bioengenharia.
Recém-chegado da Holanda, Clécio Santos, de 22 anos, também elogia a
experiência. "Comparando o que existe lá com nossa realidade, ficamos
com vontade de fazer mais pelo País, de mexer na sociedade", diz o
estudante de Ciência da Computação da Universidade Federal da Bahia, que
também cogita um mestrado no exterior.
Ressalvas. O físico Martin Makler, do Centro Brasileiro de Pesquisas
Físicas, afirma que a falta de critérios na seleção das universidades
estrangeiras participantes pode reduzir os benefícios para a região. "É
melhor enviar o aluno para a USP do que para uma instituição estrangeira
medíocre", defende.
Procurados, o CNPq e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes), órgãos responsáveis pelo programa, não
informaram se há critérios que privilegiam a concessão de bolsas em
alguns Estados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Uol Educação
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