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Imagem Ilustrativa |
Professor e alunos separados por uma grade. De um lado da
sala, um quadro para o professor escrever. Do outro, um quadro para os
estudantes. É assim o ambiente onde são dadas as aulas do curso de
auxiliar técnico em gestão na qualidade de serviços, combinado com o
ensino fundamental – modalidade educação de jovens e adultos, na
Penitenciária Federal de Mossoró (RN). Participam da formação 13
detentos com média de 35 anos de idade que cumprem penas na unidade
federal.
O curso, que certifica a conclusão do ensino fundamental com
qualificação profissional, chegou à penitenciária de Mossoró a partir de
uma parceria firmada entre o câmpus Mossoró do Instituto Federal de
Educação do Rio Grande do Norte, a Secretaria Estadual de Educação e o
Departamento Penitenciário Nacional (Depen), órgão do Ministério da
Justiça, em 2011. A primeira turma concluiu o curso no início de 2013 e a
segunda começou as aulas em maio deste ano.
A coordenadora do Programa Nacional de Integração da Educação
Profissional com a Educação Básica na modalidade de Jovens e Adultos
(Proeja) no câmpus Mossoró, Lúcia Lima, conta que os detentos demonstram
interesse pelo curso porque ele traz uma série de vantagens no
cotidiano da prisão.
Sem as aulas, ela explica, os presidiários passam 22 horas nas celas
individuais. Quando estão estudando, nas segundas, terças e
sextas-feiras, eles têm aulas de manhã, banho de sol, e aulas de tarde.
Além disso, os dias de aula contam para a remissão da pena – a cada 12
horas de aula a redução é de um dia. A primeira turma certificou 12
alunos. Um deles não concluiu o curso porque foi transferido para outra
unidade prisional.
A coordenadora do curso informa que não basta a boa vontade dos
estudantes para o sucesso da formação. No câmpus Mossoró, os cinco
professores da parte profissional tiveram que se preparar, se informar e
vencer alguns medos relativos ao ambiente para dar as aulas na
penitenciária de segurança máxima. Temas como ética e valorização da
vida, ética e cidadania, por exemplo, chocam o tempo todo com a
realidade deles, diz a coordenadora, e é preciso conduzir a discussão
sem censurá-los.
Nos 2,5 anos da vigência da parceria, segundo a coordenadora, não
houve qualquer dificuldade, porque os internos tiveram bom comportamento
em todas as aulas e se mostraram interessados e envolvidos. Ao final de
cada disciplina são feitas avaliações sobre o curso, com a participação
de alunos e professores. Segundo Lúcia, um estudante fez um cordel e
leu para a turma falando sobre sua satisfação com as aulas.
O curso de Gestão em Qualidade de Serviços ministrado na
Penitenciária Federal de Mossoró combina parte presencial e a distância.
Ao final de cada aula, os detentos levam tarefas para serem cumpridas
individualmente, na cela. No conjunto são 1,4 mil horas, sendo 1,2 mil
do curso regular do ensino fundamental e 200 horas de formação
profissional.
Ionice Lorenzoni
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